A História do Samba: O Ritmo que Faz o Brasil Sambar
- guiarodrigoindio
- 28 de out.
- 3 min de leitura
Falar de Brasil sem falar de samba é quase impossível. Esse ritmo é mais do que música, é identidade, cultura e movimento. O samba é o som que nasceu do coração do povo, dos terreiros, das rodas e das festas populares que nunca tinham hora para acabar.

Tudo começou no início do século XX, quando o Rio de Janeiro vivia um intenso processo de transformação cultural. Muitos negros recém-libertos migraram da Bahia para o Rio, trazendo consigo tradições, tambores e cantos. Foi no bairro da Cidade Nova, especialmente nas casas das tias baianas, que o samba começou a ganhar forma.

Entre essas figuras lendárias estava Tia Ciata, uma mulher que marcou a história. Sua casa era um ponto de encontro animado, onde músicos, poetas e boêmios se reuniam para comer, dançar e tocar. Ali, o samba começou a se transformar, misturando ritmos africanos, batuques de candomblé, maxixe e choro. As festas eram tão intensas que o som se espalhava pelas ruas, atraindo gente de todos os cantos da cidade. Dessa efervescência nasceu o primeiro samba gravado da história, em 1917: “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida. A canção teria surgido em uma dessas rodas na casa de Tia Ciata e se tornou um sucesso nacional, abrindo caminho para o samba se firmar como símbolo da música brasileira.

Com o tempo, o samba cresceu e ganhou novos estilos. Vieram os anos de ouro da Rádio Nacional, nas décadas de 1930 e 1940, e nomes como Noel Rosa, Cartola, Ary Barroso e Carmen Miranda levaram o samba para o mundo. Cartola, com sua sensibilidade poética, mostrou que o samba também podia ser pura poesia e emoção.

Nos morros e nas comunidades do Rio, o ritmo se transformou em tradição. Nasceram as escolas de samba, como Mangueira, Portela e Salgueiro, que uniram música, arte e cultura popular. O samba-enredo passou a contar histórias e o Carnaval do Rio se tornou o maior espetáculo do planeta, com desfiles grandiosos e cores que encantam o mundo.

Ao longo das décadas, o samba se reinventou. Surgiram variações como o samba de raiz, o samba-canção, o samba-rock e o pagode, que levou o ritmo para os bares e rádios de todo o país. Hoje, o samba continua vivo nas rodas da Lapa, nas escadarias da Pedra do Sal, nas quadras das escolas e nos corações de quem sente o compasso do surdo e o balanço do pandeiro. É um ritmo que une gerações, conta a história de um povo e transforma qualquer tristeza em poesia.
Onde encontrar os melhores samba de rua?

Berço histórico do samba carioca, a Pedra do Sal é o ponto mais simbólico quando se fala em samba de rua. Localizada na região portuária, reúne músicos, moradores e turistas em rodas que acontecem principalmente às segundas e sextas-feiras. O ambiente é descontraído, com música ao vivo, bebida gelada e um clima de festa popular.

No coração do centro histórico do Rio, o Samba da Ouvidor ocupa a Rua do Ouvidor com rodas vibrantes e espontâneas. É um dos sambas de rua mais tradicionais da cidade, conhecido por atrair grandes músicos e um público que vai para cantar, dançar e celebrar o ritmo. O evento é gratuito e ocorre em plena via pública, o que dá um ar boêmio e democrático à festa.

Realizado sob o viaduto de Benfica, esse samba de rua é um dos mais queridos da Zona Norte. A roda acontece aos sábados e tem um clima acolhedor, com famílias, amigos e sambistas de várias regiões. O repertório mistura clássicos de Cartola, Candeia e Paulinho da Viola com composições novas.

Embora aconteça dentro do Clube Renascença, o Samba do Trabalhador tem espírito de samba de rua. Criado por Moacyr Luz, ocorre às segundas-feiras à tarde e já se tornou uma instituição carioca. O público é diverso e a energia lembra uma grande roda aberta, com muita improvisação e autenticidade.

Mais do que um evento, o Trem do Samba é uma celebração do samba de raiz. Acontece anualmente, em dezembro, e começa na Central do Brasil, onde sambistas embarcam em trens lotados de música até o bairro de Oswaldo Cruz. Lá, as ruas se transformam em um enorme palco a céu aberto, com diversas rodas e apresentações durante todo o dia.
O samba é mais do que música. É resistência, alegria e celebração. É o retrato de um Brasil que canta, dança e nunca perde o ritmo.






Comentários